Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com

terça-feira, 1 de julho de 2008

Dá ganas de cristianizar pela violência

Só deve haver duas ou três canções das quais me lembro distintamente do momento em que as ouvi pela primeira vez. Eu que nunca saberia fazer uma lista destas consigo concordar com quase tudo o que diz o Tiago, mas fico sobretudo sensibilizado com o Partido Alto. Deslumbro-me sempre com a grande sorte daquele cruzamento, que felizmente nunca foi uma parceria (essa palavra irritante que os brasileiros adoram) mas sempre feroz competição, às vezes até mal intencionada. Acredito que o tremendo lo-fi desta gravação ajude, mas nunca consegui compreender o que acontece aos técnicos brasileiros, ainda hoje, na altura de gravar concertos.

8. "Partido Alto" do Chico Buarque cantado pelo Caetano Veloso no disco "Juntos E Ao Vivo": Creio que não gosto muito do Chico Buarque nem do Caetano Veloso. Não tem nada a ver com a falta de qualidades mas antes pelo contrário. Aquele paganismo selvagem sub-tropical... Dá ganas de cristianizar pela violência. Mas recordo o dia em que ouvi esta canção e, lamento os termos seguintes, se operou um reset musical no meu cérebro. Que a música feita na nossa língua em Portugal seja boa apenas por raro acidente só pode ser compreendido a partir do pressuposto que Deus nos amaldiçoou. Enquanto isso, e mesmo que chafurdando em pecados carnais, os brasileiros possuem razões de sobra para cantar com satisfação.