Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com

terça-feira, 11 de março de 2008

Miúdas. No fundo, miúdas.

Comecei ontem a ver o Thank You for Smoking, que tem um excelente título, parece ser uma boa ideia e é provavelmente um filme que se vê e pronto. Adormeci - já era tarde - mas fiquei com algumas imagens. Uma em que o personagem central (eu estava com bastante sono e portanto não me lembro de nomes), um relações públicas de uma tabaqueira, se encontra com dois homólogos que eram, assim de cabeça, o RP de alguém da indústria do armamento e a Maria Bello, a respectiva no mundo do álcool, uma mulher imune à embriaguez por ter começado aos 14 anos.

Dois apontamentos rápidos: primeiro ninguém é imune por começar aos 14 anos, garanto com segurança; um outro, registar que a Maria Bello, que eu não faço ideia se é boa actriz, não aparece vezes suficientes nos ecrãs de cinema. A Maria Bello é para mim uma situação muito simples: é uma Ellen Barkin para a nossa geração (sou de 76), mas sem o ar de isto-vai-dar-merda-e-sobrar-para-ti que esta tem, sendo que, como tal, nem sei quem é que está em vantagem. Vi também de manhã um filme com a Kate Winslet e à tarde um outro com a Michelle Pfeiffer. Se juntarmos a este acervo genético a Rachel Weisz, que por infortúnio não vi neste Domingo, está apresentado o meu Tratado Geral sobre o género.

Vi todos estes filmes sem fumar, fui comendo de vez em quando, sem grandes asneiras, e no último - o Thank You for Smoking - ou melhor, na parte que vi, as pessoas fumavam bastante e isso pouco me incomodou.

Posso estar enganado, e eu era um miúdo influenciável como os outros, um pouco mais talvez porque era uma criança tímida, mas o facto de estar entregue às feras nunca me fez ter vontade de fumar. E só me lembrei disto porque há um momento em que o tal tipo de que não me lembro o nome descreve uma cena do Bogart a fumar. Pensei logo em cenas marcantes de gente a fumar e nem uma me ocorreu. Sei que as vi, e com esforço chegava lá, mas não guardei nenhum herói de cigarro na boca. Nem os meus pais a fumar ou o Lucky Luke a enrolar um cigarro me impressionaram devidamente. Nem os carros de F1 me faziam ter uma vontade incontrolável de comprar Marlboro. Eu não percebo nada disto, e além disso comecei a fumar como os outros, mas tenho quase a certeza que a naturalidade é melhor receita para os putos do que anúncios sobre malta fixe e que não fuma. No fundo, não chamar a atenção para o problema com holofotes de luz branca e sirenes de prisão. Pode também ser que a responsabilidade seja dos cotas, que conseguiram convencer-me com grande naturalidade a não comer pastilhas nem beber Coca-Cola (é verdade, isto, juro). Pelo menos até aos dezanove, quando comecei a fazer tudo isto, momento em que acredito que os meus pais e os livros do Rantanplan já podem ser ilibados.

O mundo não era assim tão perigoso. Tenho impressão que o evil twin do Super-Homem naquele terceiro filme, fuma um cigarro, mas é uma memória muito vaga. E mesmo do Sean Connery enquanto James Bond não consigo ter mais do que uma ideia difusa de o ver do cigarro na mão. E no Top Secret, aquele filme no género de humor do Aeroplano, com o Val Kilmer, penso que há uma rábula com um cigarro. Mas nada de concreto e a infância passou-se sem sobressaltos.