Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com

segunda-feira, 17 de março de 2008

Paciência de chinês (sem querer ofender ninguém)

O meu maior desporto agora é visualizar o momento em que voltarei a fumar. Não é que planeie voltar a fazê-lo como dantes, mas o momento em que voltarei a ter contacto, um bafo que seja, com qualquer tipo de fumo vai ser uma pequena celebração que ando a preparar já antes de ter deixado de fumar. Fantasio tudo de uma ponta à outra e listo vários tipos de possibilidades, algumas completamente inalcançáveis outras tão banais como o sofá de minha casa. Parto do princípio, se calhar errado, de que vai saber melhor quanto mais tempo demorar a acontecer.

Mais aguardado vai ser com certeza, e é de lidar com esta idiota ansiedade que vivem em parte os meus dias de não fumador e é também uma das estratégias doentias que fui adoptando. E de repente o cigarro passa a ser o maior pitéu de fumo a que posso almejar. Nem o melhor charuto, cachimbo ou charro parecem mais atractivos que um Marlboro agora. O que vou querer quando achar que posso dar-me o prémio de fumar uma vez será um cigarro comum.

Também passo a vida a pensar a que vai saber esse cigarro e o que me vai acontecer nessa altura (eu não tenho assim tanto tempo livre que possa reflectir alongadamente sobre tudo isto, mas o que se passa é que eu penso muito rápido). Logo a abrir, esclarecer aquilo do cigarro nos saber mal. Que quando um gajo deixa de fumar durante algum tempo, a primeira tentativa vai saber a químicos (não sei bem que sabor é este) e que a vontade de fumar acaba ali. Custa-me a crer, mas se for verdade acho estupendo.

Uma outra teoria, que curiosamente acumula com esta, é que assim que puxar a primeira vez pelo fumo, todas as ligações dos mecanismos de prazer que demorei tanto a adormecer no meu pobre cérebro se reactivam imediatamente e voltarei a tudo aquilo que a gente sabe. Este, sendo mais comum de calhar em conversa, não é menos extraordinário, porque me lembra aquelas fábulas em que a pessoa se podia ir embora mas não podia mais olhar para trás sob pena de lhe acontecerem coisas terriveis. Nunca tive oportunidade de estar numa situação deste tipo, mas sempre tive a certeza absoluta que eu olhava para trás mal pudesse. É a chamada asneira anunciada e espero sinceramente não ser o único a ter esta tendência. Seja como for, se o faço é porque me custa a crer e a verdade é que eu sei bem do prazer que as pessoas tiram em dizer um bom "eu bem te avisei" e eu estou nesta vida é para agradar aos meus amigos.