Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Hangover


Eu gostava muito de deixar aqui sinal de uma igual alegria física acerca do adeus do meu corpo ao cianeto de hidrogénio, mas estaria a mentir com todos os (amarelecidos pelo tabaco) dentes. Dada a metódica ressaca com que acordei no primeiro dia sem fumo, a coisa passou-se com relativa tranquilidade. Depois veio a segunda-feira e o primeiro dia de trabalho após este gesto desbragado. O meu cérebro não queria pensar em mais nada a não ser cigarros. E o chefe a querer que eu trabalhasse. Ansiedade passou a ser a palavra que me define. Tanto que, a meio da semana, o meu chefe me disse “vai fumar um cigarro ou toma comprimidos porque tu estás a ficar louco”. E tinha razão. Deixei de dormir, passei a dormitar a espaços, com sonhos tresloucados de fugas intermináveis e setas mortais pelo meio. Há dois dias, acordei às oito da manhã e, em vez de adormecer, levantei-me. Repito, há dois dias, acordei às oito da manhã e, em vez de adormecer, levantei-me. Isto nunca, repito, nunca, me aconteceu. Doze dias depois, já consegui controlar isto e viver em relativa paz com o meu novo metabolismo. Mas aqueles primeiros sete dias ficarão para sempre marcados no meu sistema nervoso. Os pulmões não param de gozar com o resto da cremalheira. “Agora fodam-se vocês”, dizem eles ao cérebro e ao estômago...