Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Priceless


O camarada Sérgio anda a ver se me rouba todas as oportunidades de assunto - e reconheço que se tem safado à grande nessa arte. Passe a redundância, queria hoje evocar dois assuntos: os primeiros cigarros e o melhor cigarro do dia.
Começar a fumar é, a partir da nossa geração, o acto mais idiota que se possa cometer. A nós, ninguém disse que os homens viris fumavam e ninguém nos vendeu maços com nomes inacreditáveis como "Provisórios" ou "Definitivos". Somos da geração em que o Lucky Luxe passou a chupar palhinhas (se bem que fomos os últimos a vê-lo de cigarro nos dentes) e da convicção profunda de que o cigarro é o caminho mais próximo para o cancro. Ainda assim, lá caímos que nem uns parvinhos. Conheço muito boa gente que teve a sorte de se engasgar e tossir compulsivamente à primeira passa. Nunca compreenderam a piada daquilo e ficaram libertos desse jugo. Outros, como eu, gostaram daquilo. Não logo um entusiasmo fulgurante, mas o nascer de qualquer coisa como "acho que sou capaz de vir a fazer isto mais vezes". Eu sabia que ia ficar viciado a partir do momento em que me apercebi de que tinha criado uma rotina. Uma bela rotina, devo dizer. Durante anos, consegui começar a fumar só depois do almoço e esse passou a ser o meu golden cigarette do dia. Depois, a dose começou a aumentar e os dois cigarros matinais arruinaram o prazer do pós-refeição. O melhor cigarro do dia passou a ser um conceito flutuante. Mais recentemente, a maioria dos melhores cigarros eram os últimos, os que se fumam dois minutos antes de dormir. Parecia que o corpo já estava a adivinhar que, um destes dias, não haveria novo cigarro pela manhã.