Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com
segunda-feira, 17 de março de 2008
Myths and realities
Eu tenho um mail profissional especialmente exposto a todo o tipo de coisas bonitas, e a outras que nem por isso, que o povo gosta de enviar. No outro dia, apareceu-me um mail da Sra. Dra. Cecília Pardal, nome que se presta a todo o tipo de trocadilhos que procurarei evitar. A senhora é especialista em desabituação tabágica. Atentemos no seu discurso:
"Os primeiros 15 dias após a decisão de deixar dfumar são os mais difíceis, em que há maiores probabilidades de recair, explica Cecília Pardal, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia".
É verdade, minha senhora, é verdade. Mas olhe que os segundos quinze dias também não são aquela maravilha
“Para não recair, há que ir, aos poucos, alterando os comportamentos habituais e rituais para que na altura decisiva não seja tão problemático largar o cigarro”, aconselha Cecília Pardal, médica pneumologista responsável pela consulta de cessação tabágica do Hospital Fernando Fonseca e ex-coordenadora da comissão de tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia."
Duvido muito, duvido mesmo muito. Se eu andasse à espera de alterar comportamentos habituais e rituais" ainda não tinha deixado de fumar. Isto tem de ser à bruta mesmo.
“O fumador que queira deixar de fumar deve mudar os seus rituais e hábitos associados ao cigarro e ao acto de fumar. Por exemplo, deve alterar os locais onde habitualmente fuma, como o carro, o sofá ou ao computador; se fuma com a mão direita, deve alterar para a mão esquerda; sempre que tem vontade de fumar, deve tentar adiar o cigarro o máximo de tempo que conseguir. Dificultar o acesso ao tabaco e, quando sai, não levar consigo o lume são algumas das medidas que ajudam a ultrapassar a dependência”.
Minha cara especialista, isto não é um jogo infantil, é uma coisa séria e chocante. Só me faltava agora ter tido a desgraça de fumar os meus últimos cigarro a contragosto e em sofrimento. Não pá, isto tem de ser disfrutado até ao fim.
"Evitar situações que lembram os cigarros, como as festas, reuniões stressantes ou estar com o grupo de amigos que fumam são outras das atitudes que se podem adoptar, bem como reduzir o consumo de álcool e do café, sendo sabido que os cigarros mais difíceis são os que fumamos a seguir ao café ou a seguir às refeições. Devem ter ainda sempre as mãos ocupadas, com uma caneta ou o telemóvel e mastigar pastilhas ou rebuçados sem açúcar."
Eu não sei se a caríssima Cecília sabe como é que funciona o mundo do trabalho fora dos hospitais. Não sei se tem consciência de que se existem reuniões stressantes é precisamente porque não há maneira de as pessoas fugirem a elas. Faltava-me agora também largar o álcool. Tenha tino, por favor, tenha tino. Eu quis deixar de fumar não é meu objectivo mudar de religião.
"O “Diário do Fumador” pode ser uma grande ajuda nesta jornada, pois aqui o fumador pode apontar a que horas fumou, o motivo e se esse cigarro valeu a pena. Muitas das vezes a pessoa percebe que fuma muitos cigarros sem reparar e esses são os mais fáceis de eliminar."
Isto não é bem um diário de fumador, mas podemos fingir que sim. Agora essa de registar cada cigarro que se fuma em falta parece-me puro masoquismo.
“É ainda importante pedir apoio aos familiares e amigos, para serem mais compreensivos caso fique mais irritável. Falar com ex-fumadores sobre as dificuldades sentidas também pode ajudar. Como actividade complementar, o exercício físico pode ser uma grande ajuda, pois além de ocupar o tempo e fazer esquecer o cigarro, evita o aumento de peso que pode estar associado á cessação tabágica, diz ainda Cecília Pardal."
Experimente dizer aos meus amigos que devem ser "mais compreensivos". Mas quando o fizer, chame-me para eu assistir ao espectáculo. Você nem imagina o quanto as pessoas gostam de ser sádicas quando se lhes oferece essa oportunidade de mão beijada.