Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com
sexta-feira, 4 de abril de 2008
On the beach
Há qualquer coisa de insidioso neste calor fora de época que nos chegou nos últimos dias. Esta canícula convida à praia, e a praia é um desafio ainda por vencer nesta batalha. Descobri o amor pelo mar tarde na minha vida. Julgo que foi mais ou menos na altura em que comecei a trabalhar. A circunstância de ter de passar a maior parte do dia entre quatro paredes fez-me perceber o valor de um areal imenso e de um azul cujo fim se mede pelo comprimento da imaginação (porra, que isto está quase a descambar para a poesia).
Um banho de mar faz mais pela sanidade mental do indivíduo trabalhador do que qualquer sessão de psicoterapia, digo eu que nunca fui a nenhuma. Há duas coisas que sabem extraordinariamente na praia: batatas fritas e cigarros. Depois das braçadas, quando os pulmões ainda tentam recuperar do esforço sobre-humano que é nadar 20 minutos, as batatas fritas são a continuação do sal do mar em forma trincável. Mas têm de ser comidas depressa, porque a mistura do exercício físico com a chegada de comida abrem caminho aos melhores cigarros do mundo. Daqueles que um gajo fuma em comunhão com o mundo natural, oferecendo mentalmente um forte "vai bardamerda" às mãezinhas e avózinhas que passeiam as suas criancinhas enquanto olham para nós com o ar incrédulo de quem contempla um leproso.
Felizmente, vou de férias para norte, onde até dizem que vai chover, pelo que as hipóteses de ir ao mar são remotas. Ainda preciso de algum treino mental para encarar a ida à praia sem temores.