Hoje faz dois meses aquele domingo em que acordei sobressaltado com poucas horas de sono e com a cabeça pesada, menos pela noite anterior e mais pelo que tinha apostado. A primeira ideia foi fumar logo um cigarro e dizer que estava a brincar. Tinha que ser uma acção imediata para não parecer que tinha alinhado no jogo. A tarde passou bem, as pessoas entrevistavam-me quando me diziam olá, queriam saber coisas sobre o meu dia e sobre mim no geral e assim continuou por mais uma ou duas semanas. Foi agradável. Depois rotinou-se tudo, são todos uns insensíveis e mudaram-se para outras novidades.
Estou numa fase em que dou por mim frequentemente a pensar que um cigarro seria uma boa ideia. Isto nas primeiras semanas era impensável, a luta estava nas ruas e um homem sabia que qualquer pensamento destes era para lá de imoral. Mas agora, que não fumo por uma questão de hábito e não de resistência, já é comum pensar que posso perfeitamente fumar um cigarro e continuar nisto de ser um não fumador. Uma pessoa nunca está bem. Lembro-me vezes sem conta dos últimos cigarros daquele dia na dúvida de lhes ter feito justiça. Tudo imagens cheias de melancolia e revistas mentalmente em câmara lenta com o For No One dos Beatles em fundo. Recordo-me bem desses o que é raro, pela tal questão (acho eu) dos cigarros serem todos iguais. Lembro-me cristalinamente do primeiro cigarro, claro, mas a partir daí não consigo ver quase nenhum outro. E se tirarmos os primeiros em diversas circunstâncias, como o primeiro que fumei em casa com os meus pais lá dentro, então se calhar fica uma meia-dúzia deles. Para além dos que já falei em outros posts recordo vagamente situações em que sei que fumei porque era o que fazia nesses momentos, mas a memória do acto foi-se. É um tipo porreiro, o cigarro, está lá e não chateia nem se impõe, nem quer mais que o seu lugar complementar nas nossas vidas. Tem consequências muito aborrecidas?, tem. Mas nas separações as boas memórias sobrevivem com muito melhor aspecto. E neste caso nem essas nos assaltam.
(Na verdade assaltam, mas é como uma mancha enorme e nada concretizável. Uma vaga gigante que preenche todos os cantinhos da memória e do desejo. É de cigarros que estou a falar, é. Cuidado, que isso de estar tudo nas pequenas coisas é um embuste)
Estou numa fase em que dou por mim frequentemente a pensar que um cigarro seria uma boa ideia. Isto nas primeiras semanas era impensável, a luta estava nas ruas e um homem sabia que qualquer pensamento destes era para lá de imoral. Mas agora, que não fumo por uma questão de hábito e não de resistência, já é comum pensar que posso perfeitamente fumar um cigarro e continuar nisto de ser um não fumador. Uma pessoa nunca está bem. Lembro-me vezes sem conta dos últimos cigarros daquele dia na dúvida de lhes ter feito justiça. Tudo imagens cheias de melancolia e revistas mentalmente em câmara lenta com o For No One dos Beatles em fundo. Recordo-me bem desses o que é raro, pela tal questão (acho eu) dos cigarros serem todos iguais. Lembro-me cristalinamente do primeiro cigarro, claro, mas a partir daí não consigo ver quase nenhum outro. E se tirarmos os primeiros em diversas circunstâncias, como o primeiro que fumei em casa com os meus pais lá dentro, então se calhar fica uma meia-dúzia deles. Para além dos que já falei em outros posts recordo vagamente situações em que sei que fumei porque era o que fazia nesses momentos, mas a memória do acto foi-se. É um tipo porreiro, o cigarro, está lá e não chateia nem se impõe, nem quer mais que o seu lugar complementar nas nossas vidas. Tem consequências muito aborrecidas?, tem. Mas nas separações as boas memórias sobrevivem com muito melhor aspecto. E neste caso nem essas nos assaltam.
(Na verdade assaltam, mas é como uma mancha enorme e nada concretizável. Uma vaga gigante que preenche todos os cantinhos da memória e do desejo. É de cigarros que estou a falar, é. Cuidado, que isso de estar tudo nas pequenas coisas é um embuste)