Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Disclaimer

Acordo por vezes preocupado com a possibilidade das pessoas lerem estes posts e ficarem com uma ideia errada da dimensão do meu vício, e com isso relativizar a admiração que possam ter por mim e pela minha tentativa de deixar de fumar.

É importante que saibam que num dia normal fumaria 30 a 35 cigarros diários. Comecei a fumar aos 19 anos e passado um mês já tinha amigos que se enojavam com a destreza e velocidade com que queimava Camels. Ao fim de um ano já fumava em qualquer circunstância e sem remorsos (as duas excepções eram a cama e a praia, mas isso era por amor), já tinha os dedos da mão esquerda amarelados e já tinha as ansiedades proprias de quem fuma durante dez anos. Nos últimos anos, a minha tosse era uma parte de mim a qualquer altura do ano, a minha voz tornou-se cada vez mais baixa e monocórdica e gastava sempre pelo menos cinco euros por dia. Preferia não almoçar a ter que almoçar e não poder fumar a seguir, fumava um ou dois cigarros de manhã antes de qualquer actividade, à noite (reparo agora) adiava o momento de ir para a cama para fumar mais um cigarro. Nunca passei um dia sem fumar um dez cigarros pelo menos, e quando se tornava socialmente aceitável (nos copos, por exemplo), estaria quase em permanência de cigarro aceso.

Era irrefutavelmente o maior fumador do meu grupo de amigos, e cheguei a ouvir dizer que seria estranho imaginar-me sem cigarro na mão. Se houve sítio onde eu estive sempre em casa foi a fumar um cigarro. Portanto, que fique bem claro que provavelmente nunca fiz nada tão contra-natura como deixar de fumar e se está a correr tão bem como assistem, é porque eu sou de facto, o maior; a fumar e a não o fazer.