
Este blogue começou sem um conceito definido a não ser uma vaga intenção de dar conta dos sacrifícios de deixar de fumar. O tom da coisa tem sido mais o da saudade do tabaco do que propriamente as alegrias de viver sem ele. Isto tem uma razão de ser, é que, mais do que sentir a falta do vício, o que sinto é a falta do prazer. Porque fumar é um prazer. Nem todos os cigarros se fumam por gosto – alguns até só se consomem porque o corpo a isso obriga – mas há qualquer coisa de irrepetível num cigarro saboreado até quase ao filtro. Há momentos que ficam para sempre colados no fumo que se escapa para o infinito. Tenho por intenção nunca mais enfiar um desse tubos cilíndricos nos beiços, mas tenho a certeza absoluta de que o desejo de o fazer se vai manter intacto para sempre. Adoptei para mim uma frase de um tio meu, que deixou de fumar há mais de 15 anos: “Eu não deixei de ser um fumador. Deixei foi de fumar, mas a vontade mantém-se igualzinha”.