Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com

quarta-feira, 5 de março de 2008

Letter to the Editor


Meu caro amigo:

À hora em que Sporting e Benfica divertiam o povo da metrópole, eu estava em Iemberém, encostado à única árvore que, pelo menos foi isso que me prometeram, traz à vila a rede de telemóvel. Pelos vistos, os deuses não estiveram comigo e a rede não veio. Ainda tentei um pequeno morro - a única alternativa segundo os locais, mas nada feito, naquele dia os telefones não queriam visitar a aldeia e pronto, se o telemóvel não vem quem sou eu para estar para aqui com merdas? Por acaso, em frente à árvore-cabine-telefónica estava uma das raras casas com electricidade neste canto esquecido do universo. Duas famílias assistiam ao jogo, sentadas num banco corrido colocado à porta da tabanca. Fatigado com o combate tecnológico que tinha acabado de perder, sem classe nem dignidade, optei por não ver o jogo. Só me faltava uma derrota do Sporting para aguçar ainda mais a vontade de chupar hidro-cianeto até cair para o lado! Horas depois, alguém informou o povo de que tínhamos empatado. Boa merda, digo eu com toda a fanfarronice de quem até já esperava perder. Mas o que me fascina, o que me fascina meu caro, são mesmo estas árvores.