Já toda a gente deve ter dado com aqueles gráficos que fazem contas aos benefícios de deixar de fumar. Normalmente ficamos a saber que passadas seis horas já respiramos melhor e que passados 15 anos os riscos de ficar doente são consideravelmente menores. Um exemplo pode ser visto aqui (este até tem uma tabela faça-você-mesmo muito nojentinha e tudo).
É tudo muito louvável, mas mesmo que eu quisesse contestar cada um destes pontos (e podia, e podia, mas não estou para isso), acho que estes mapas metem-se logo em chatices por outras razões. São feitos por não-fumadores convictos e, pior ainda, pessoas que odeiam fumadores, e têm apenas uma arma para combater o tabaco - o medo. Em que se virá a tornar alguém que deixou de fumar por miúfa? Num amorfo amargurado, seco e invejoso que um dia fumou por escolha e que deixou de fumar por obrigação. Um chato de um nostálgico que sabe que quando era jovem cometeu as loucuras próprias do tempo, fumou cigarros, não picou bilhetes na Carris, saiu um dia de um café sem pagar, fez uma directa ou duas e agora, que já só lhe sobrava o cigarro, nada o prende a rebeldias passadas.
Desistiu - essa palavra tremenda - e não o fez por abnegação ou amor ou estupidez, mas por medo. Só que é um medo legítimo, que os sacanas sabem o que fazem. Ninguém quer ataques cardíacos e cancros variados a pairar sobre a cabeça e como aqueles gajos dos gráficos sabem disto, toca de puxar pelo argumento do tu vais morrer se não páras já com isso. Pode ser verdade, mas tem que haver formas mais dignas de deixar de fumar.
Há nessas listas pontos mais controversos ainda, como o de que passadas 48 horas, o olfacto e o paladar regressam em grande (tábem, abelha) ou que ao fim de uma semana já se anda e corre muito melhor (atingem-se mínimos olímpicos). O que nunca consta, e tem forçosamente de ser importante na vida de um indivíduo (todo o texto que está para trás foi o que eu consegui de introdução para o que se segue), são as consequências sobre a evacuação.
É com alguma vergonha que eu avanço que me documentei bastante antes de deixar de fumar. Soube por exemplo, e isso nunca aparece nos panfletos, que eu vou passar a estar sujeito duas vezes mais a contrair Parkinson ou Alzheimer por deixar de fumar. Ninguém é avisado de uma coisa destas mas é um facto comprovadíssimo, e escondido do grande público. Mas o que não encontrei, e cheguei a pensar se devia abortar todo o processo, foi saber de que modo é que a forma como cago seria afectada pela minha nova condição.
Não é segredo que - sobretudo entre homens, reconheço - um fumador gosta de levar uma revista e um cigarro quando pretende demorar um pouco mais na casa-de-banho. Por acaso só o fiz uma vez, no antigo aquaparque do Restelo por ocasião de um concerto de Therapy? e tinha já o cigarro na mão e aceso, quando vi uma daquelas coisas portáteis acabada de ser aberta. Tinham mesmo tirado um selo de segurança da porta imediatamente antes de se afastarem do local.
Nem toda a gente compreenderá a oportunidade que aqui estava encerrada, mas houve ali uma intuição, que se viria a provar correcta, de que um momento daqueles poderia não vir a repetir-se. Tambem não sei se já entraram num WC portátil nestas condições, mas garanto que é um paraíso asséptico onde se poderia proceder com segurança a pequenas cirurgias. Bom, tinha o cigarro na mão e achei desnecessário deitá-lo fora, mas também não queria esperar e ceder o primeiro lugar no cúbiculo, pelo que tratei de tudo em breves segundos e pouco depois estava cá fora a contar ao casal amigo que me acompanhava que nunca tinha fumado a cagar e que não tinha achado muito confortável e portanto não tencionava repetir. Não me lembro de nada do concerto, e agora que vou por aí, nem sequer me consigo lembrar de uma única musica dos Therapy?
Mas nem só desta simultaneidade vive a relação do cigarro com o intestino. Quem nunca fumou um cigarro com o café depois de trincar um chocolate desconhece o sentido da palavra urgência, mas é verdade que há poucos laxantes como este, e se uma pessoa de um dia para o outro deixa de ter na sua dieta orgânica um composto como o do tabaco, vai com certeza sofrer consequências sobre as quais a informação está vedada, não sei se por pudor se por maldade.
Como de costume neste meu triste processo rumo à abstinência, pouco tenho a contar à população. Não tenho cagado menos, nem pior. Demoro o mesmo tempo que antes e continuo a ser mais fidedigno do que o relógio atómico da PT. Há uma diferença que não sei se é relevante, mas o momento retrocedeu em uma hora (ou adiantou 23, sinceramente já não sei especificar). Posso entrar por pormenores como a cor e consistência dos dejectos mas são tudo indicadores que eu não saberia trabalhar e como tal apenas ruído para esta análise, mas posso assegurar que as questões do quotidiano (mais uma vez) não sofreram alterações significativas. Eu sou só um, portanto faço aqui um apelo à comunidade de cientistas (dou de barato que são pessoas formadas) que se dedica a estudar todos os extraordinários benefícios que advêm do acto de deixar de fumar, que divulguem as suas conclusões nesta área do infra-intestinal.
Se não o fizerem nos próximos dias fico a saber que é mais uma das áreas que não convém que chegue até nós como aquilo do Parkinson ou dos perigos de obesidade mórbida imediata para quem deixa de fumar.
É tudo muito louvável, mas mesmo que eu quisesse contestar cada um destes pontos (e podia, e podia, mas não estou para isso), acho que estes mapas metem-se logo em chatices por outras razões. São feitos por não-fumadores convictos e, pior ainda, pessoas que odeiam fumadores, e têm apenas uma arma para combater o tabaco - o medo. Em que se virá a tornar alguém que deixou de fumar por miúfa? Num amorfo amargurado, seco e invejoso que um dia fumou por escolha e que deixou de fumar por obrigação. Um chato de um nostálgico que sabe que quando era jovem cometeu as loucuras próprias do tempo, fumou cigarros, não picou bilhetes na Carris, saiu um dia de um café sem pagar, fez uma directa ou duas e agora, que já só lhe sobrava o cigarro, nada o prende a rebeldias passadas.
Desistiu - essa palavra tremenda - e não o fez por abnegação ou amor ou estupidez, mas por medo. Só que é um medo legítimo, que os sacanas sabem o que fazem. Ninguém quer ataques cardíacos e cancros variados a pairar sobre a cabeça e como aqueles gajos dos gráficos sabem disto, toca de puxar pelo argumento do tu vais morrer se não páras já com isso. Pode ser verdade, mas tem que haver formas mais dignas de deixar de fumar.
Há nessas listas pontos mais controversos ainda, como o de que passadas 48 horas, o olfacto e o paladar regressam em grande (tábem, abelha) ou que ao fim de uma semana já se anda e corre muito melhor (atingem-se mínimos olímpicos). O que nunca consta, e tem forçosamente de ser importante na vida de um indivíduo (todo o texto que está para trás foi o que eu consegui de introdução para o que se segue), são as consequências sobre a evacuação.
É com alguma vergonha que eu avanço que me documentei bastante antes de deixar de fumar. Soube por exemplo, e isso nunca aparece nos panfletos, que eu vou passar a estar sujeito duas vezes mais a contrair Parkinson ou Alzheimer por deixar de fumar. Ninguém é avisado de uma coisa destas mas é um facto comprovadíssimo, e escondido do grande público. Mas o que não encontrei, e cheguei a pensar se devia abortar todo o processo, foi saber de que modo é que a forma como cago seria afectada pela minha nova condição.
Não é segredo que - sobretudo entre homens, reconheço - um fumador gosta de levar uma revista e um cigarro quando pretende demorar um pouco mais na casa-de-banho. Por acaso só o fiz uma vez, no antigo aquaparque do Restelo por ocasião de um concerto de Therapy? e tinha já o cigarro na mão e aceso, quando vi uma daquelas coisas portáteis acabada de ser aberta. Tinham mesmo tirado um selo de segurança da porta imediatamente antes de se afastarem do local.
Nem toda a gente compreenderá a oportunidade que aqui estava encerrada, mas houve ali uma intuição, que se viria a provar correcta, de que um momento daqueles poderia não vir a repetir-se. Tambem não sei se já entraram num WC portátil nestas condições, mas garanto que é um paraíso asséptico onde se poderia proceder com segurança a pequenas cirurgias. Bom, tinha o cigarro na mão e achei desnecessário deitá-lo fora, mas também não queria esperar e ceder o primeiro lugar no cúbiculo, pelo que tratei de tudo em breves segundos e pouco depois estava cá fora a contar ao casal amigo que me acompanhava que nunca tinha fumado a cagar e que não tinha achado muito confortável e portanto não tencionava repetir. Não me lembro de nada do concerto, e agora que vou por aí, nem sequer me consigo lembrar de uma única musica dos Therapy?
Mas nem só desta simultaneidade vive a relação do cigarro com o intestino. Quem nunca fumou um cigarro com o café depois de trincar um chocolate desconhece o sentido da palavra urgência, mas é verdade que há poucos laxantes como este, e se uma pessoa de um dia para o outro deixa de ter na sua dieta orgânica um composto como o do tabaco, vai com certeza sofrer consequências sobre as quais a informação está vedada, não sei se por pudor se por maldade.
Como de costume neste meu triste processo rumo à abstinência, pouco tenho a contar à população. Não tenho cagado menos, nem pior. Demoro o mesmo tempo que antes e continuo a ser mais fidedigno do que o relógio atómico da PT. Há uma diferença que não sei se é relevante, mas o momento retrocedeu em uma hora (ou adiantou 23, sinceramente já não sei especificar). Posso entrar por pormenores como a cor e consistência dos dejectos mas são tudo indicadores que eu não saberia trabalhar e como tal apenas ruído para esta análise, mas posso assegurar que as questões do quotidiano (mais uma vez) não sofreram alterações significativas. Eu sou só um, portanto faço aqui um apelo à comunidade de cientistas (dou de barato que são pessoas formadas) que se dedica a estudar todos os extraordinários benefícios que advêm do acto de deixar de fumar, que divulguem as suas conclusões nesta área do infra-intestinal.
Se não o fizerem nos próximos dias fico a saber que é mais uma das áreas que não convém que chegue até nós como aquilo do Parkinson ou dos perigos de obesidade mórbida imediata para quem deixa de fumar.