Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com

terça-feira, 4 de março de 2008

Yes, we can! ou Malta que partilha problemas

É difícil dizer o que se passa com as pessoas em relação aos fumadores. Actualmente ninguém parece gostar deles e está-se a conseguir criar uma sensação idiota de vergonha por fumar. Não há melhor forma de potenciar estas sensibilidades do que numa campanha eleitoral e é por isso que entre outras coisas, um candidato tem de decidir que vícios deve deixar que lhe conheçam.

Tudo bem até aqui, mas de repente ouvimos o candidato mais cool de sempre (neste momento e neste blogue só interessa isso) a dizer que deixou de fumar porque foi uma das condições que saiu da habitual reunião familiar: a esposa disse-lhe que só o apioaria caso deixasse de fumar. É dificil de dizer até que ponto foi a coolness por água abaixo, porque este tipo de decisões e esta cedência às pressões familiares, mais inteligências emocionais e o demónio a sete, já são cenas bem fixes aos olhos do público em geral. Eu próprio já fui alvo de subornos semelhantes para deixar de fumar, e embora não envolvessem candidaturas à casa branca, eram, vá, aliciantes. E um gajo pensa, enfim, que por um lado está a ceder com vergonha justificada, por outro que são só cigarros, mete-se uma confusão de machismo, orgulho, prémios e assim, que somos todos manipuláveis mas neste caso paramos já aqui, que divago em grande.

O Obama continua cool - é o que interessa -, ganhou um óptimo argumento para o futuro da sua relação ("ah mas eu daquela vez..."), o povo vai gostar que ele não fume, e demonstra uma força de vontade titânica, que isto só eu e ele é que sabemos o que é estar sujeito a pressões enormes enquanto se deixa de fumar.

O que se calhar o gajo não contava, e nem eu, era que a nossa voz carismática saísse mal do filme. Não tenho acompanhado o Obama de perto nos últimos tempos, mas sei que comigo a voz me tem falhado. Está mais limpa, mas também mais chata e sobretudo falha-me de vez em quando; uma coisa dramática. O mundo pode dar as voltas que quiser, mas a verdade é que um cigarro nos dedos e o fumo a moldar cordas vocais ainda são um dos paradigmas do cool. Se o rock n' roll ainda ganha eleições é que não sei, mas aposto que por lá andam preocupados com isso.

So, will Obama abandon cigarettes altogether, or will he go the way of Cash and Dylan instead? It's a suitably tough decision for a man who aspires to be president: Quit now, and risk losing his vocal magic while campaigning, or puff on and pay later. (mais)

Conforme já disse ao João Vieira Pinto, estou disponível para ajudar no que for preciso e não levo um tostão.