Um blogue na sua segunda época e agora sem objectivos materialistas e apostas por resolver. Pancadinhas no ombro, sentimentos de desilusão e mágoa e bilhetes para o próximo jogo do Sporting podem ser enviados para adeuscianeto@gmail.com

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O que uma pessoa sofre

Não tem sido uma semana nada fácil. Pode-se começar pelo meu estado actual: eu estou com um torcicolo cuja amplitude se estende por todo o meu braço esquerdo. Suponho que sou uma pessoa que desenvolve torcicolos por puro azar, não vejo que outra explicação pode haver. Um torcicolo - condição que deve ter uma designação um pouco mais credível, mas não sei qual; distensão parece-me incompleto - aparece sempre subrepticiamente enquanto se trabalha, sentado em frente a um computador e faz-nos pensar que estamos só cansados. Na manhã seguinte é quase certo que vou acordar de pescoço preso para o lado. Mas isto foi na quarta-feira de manhã, e confesso que me vou habituando a acordar assim amiúde, mas por alguma razão nunca respeito os torcicolos e isto acaba sempre mal.

Aqui há dois anos estava com uma coisa destas no pescoço e quando me preparava para atravessar a cozinha, parei para espirrar, que é uma coisa que eu faço bastante bem, sendo que às vezes gosto de colocar algum vigor no processo. Assim que espirrei, senti um choque que partia da parte dorida do pescoço e que disparou como um chicote até à minha mão esquerda, imobilizando imediatamente todo o meu lado esquerdo até à cintura. A única solução foi mergulhar imediatamente e em grande esforço para o sofá e ficar esticado tentando não desmaiar com as dores no pescoço e braço e procurando ignorar as gargalhadas da minha mãe e irmã que presenciaram com grande satisfação a tudo isto.

Em pouco mais de uma hora consegui desenvolver uma posição que consistia em estar com o braço esquerdo completamente erguido acima da cabeça que teria que tombar o mais possivel para a direita, posição na qual as dores já não provocavam aqueles pontinhos brancos à frente dos olhos. Passadas duas semanas já estava quase bom e pelo meio pude ter oportunidade de experimentar emplastros (não eram Leão), que são menos eficazes do que eu esperava. Até à semana passada, dois anos depois, já conseguia mover novamente todos os músculos sem dificuldades e o único apontamento que ficou foi uma ligeira perda de sensibilidade no indicador esquerdo, coisa que vim a descobrir dar muito jeito para tocar baixo.

Na última quarta-feira fui ver um jogo de futebol que houve e nem fui tarde para casa, ontem até acordei quase bom. Hoje de manhã, grato por mais uma sexta, acordei e levantei-me para um copo de água. Como ainda só estava cinco minutos atrasado, voltei para a cama um pouco mais e antes de me levantar mandei uma apetecida e enérgica espreguiçadela que me atirou para o estado em que me encontro agora. Só me espreguicei, felizmente, mas estou apavorado que algo me faço espirrar nas próximas horas. Diria que não é tão grave como há dois anos, mas voltei a saber o que é não ter posição para todo um braço.

Gostava que acreditassem que sou uma pessoa saudável e que não compreendo o que são estas coisas que me vão acontecendo. Tinha planos para este blogue que não eram estes, e até pensei tentar inventar um email para pôr ali no cabeçalho (recebi sugestões espectaculares, talvez venha a fazer uma poll). Momentos bons, há dois anos foram os cigarros que fumava encolhido enquanto esperava que pomada, emplastro e anti-inflamatórios fizessem efeito. Não tem sido nada fácil esta semana para mim e para o Rui Costa.